BC prepara alternativa à poupança para financiar imóveis
Proposta visa usar captação de mercado para suprir demanda por crédito habitacional após saída de R$ 51,77 bilhões da poupança em 2025

Diante da persistente retirada de recursos da caderneta de poupança, o Banco Central (BC) está desenvolvendo um modelo alternativo de financiamento para a casa própria.
A informação foi divulgada nesta terça-feira, 10, pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, durante evento de inovação financeira da Febraban, em São Paulo.
Segundo Galípolo, uma proposta está em discussão com as principais instituições financeiras do país, com destaque para a Caixa Econômica Federal.
"Estamos trabalhando nisso, conversando com os bancos, especialmente a Caixa, e pretendemos apresentar em breve um processo ponte que vai utilizar a captação de mercado para normalizar isso", afirmou, referindo-se às fontes de financiamento para o setor imobiliário.
Saques da poupança e mudança de comportamento
A necessidade de um novo modelo surge em um cenário de perda contínua de recursos da poupança.
Embora maio tenha registrado um pequeno saldo positivo de R$ 336,87 milhões em depósitos, o acumulado de janeiro a maio de 2025 revela um saque líquido de R$ 51,77 bilhões da caderneta.
Para o presidente do BC, essa movimentação representa uma mudança definitiva no comportamento dos investidores brasileiros.
"Acho que a perda de recursos é mais estrutural, já que é difícil de competir com outras alternativas hoje. Parece natural, com mais educação financeira, a redução de recursos da poupança", explicou Galípolo.
Desde 2021, a poupança tem registrado mais saques do que depósitos. Entre os fatores apontados para essa perda de interesse estão os juros altos, que tornam outras aplicações mais atrativas, e a facilidade de acesso a investimentos de baixo risco com rendimentos superiores, como os títulos do Tesouro Direto.
Impacto no financiamento imobiliário e contexto atual
Atualmente, 65% dos recursos depositados na poupança são direcionados ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros limitados a 12% ao ano.
Imóveis de valor superior são financiados pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que se baseia em recursos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
A discussão sobre um modelo alternativo de financiamento ocorre em um momento peculiar, já que o governo propõe a taxação de 5% do Imposto de Renda sobre as LCI, que atualmente são isentas de tributos.
Essa medida pode impactar a atratividade desses títulos, que são uma fonte importante para o financiamento imobiliário via SFI.
O desenvolvimento de um novo sistema de financiamento pelo BC visa garantir a sustentabilidade do crédito habitacional no país, adaptando-se às novas realidades do mercado financeiro e ao comportamento dos poupadores.
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