Por que a maioria das empresas ainda se encontra no estágio básico das práticas ESG?
Falta de engajamento, recursos e visão estratégica são alguns dos desafios que travam a evolução sustentável nas organizações

A sustentabilidade e as práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance) têm ganhado destaque nas agendas corporativas, mas o Barómetro RH 2024, conduzido pelo Kaizen Institute em parceria com a Hays Portugal, revelou que apenas 36% das empresas estão em estágios avançados de maturidade nessas práticas.
A maioria ainda opera em níveis iniciais, enfrentando desafios que vão desde a falta de clareza sobre os benefícios tangíveis até a ausência de recursos ou know-how específicos.
De acordo com Vanessa Pires, especialista em ESG e CEO da Brada, empresa que conecta investidores a projetos de impacto positivo por meio de leis de incentivo, os entraves mais comuns que mantêm as empresas em estágios básicos incluem: falta de estratégia estruturada, resistência à mudança, recursos limitados e baixa visibilidade de resultados.
“Muitas organizações não sabem como traduzir princípios ESG em ações práticas e mensuráveis e a cultura corporativa, em algumas empresas, ainda prioriza resultados financeiros de curto prazo, dificultando investimentos em iniciativas sustentáveis. Além disso, pequenas e médias empresas, especialmente, relatam dificuldades em alocar orçamento e pessoal para projetos ESG e a falta de indicadores claros e rápidos pode gerar desmotivação em líderes e equipes”, explica a executiva.
Segundo a Bloomberg Intelligence, o mercado de investimentos ESG deve alcançar 53 trilhões de dólares até 2025, representando mais de um terço dos ativos globais sob gestão.
Ou seja, organizações que integram ESG de forma estratégica podem aumentar a confiança de investidores, que cada vez mais priorizam empresas comprometidas com sustentabilidade e fortalecem a fidelidade de clientes, que buscam marcas alinhadas aos seus valores.
É o que diz a pesquisa State of Sustainability da PwC, que revelou que 83% dos consumidores esperam que empresas adotem práticas sustentáveis, mas apenas 36% percebem um esforço real das marcas.
Além disso, pode existir uma melhora na retenção de talentos, atraindo profissionais que valorizam práticas responsáveis e uma redução de custos operacionais por meio de práticas mais eficientes e sustentáveis.
Para Vanessa, existem estratégias para elevar o nível de maturidade ESG.
“O primeiro passo é educar a liderança, investindo em capacitação para gestores com o objetivo de mostrar os impactos diretos no negócio. É importante também estabelecer metas claras, criando indicadores e objetivos que sejam mensuráveis e alinhados ao core business”, diz.
Vale também reforçar a criação de parcerias estratégicas, trabalhando com consultorias e ONGs para acelerar a implementação de projetos e comunicar as conquistas, divulgando os avanços em relatórios anuais e em canais de comunicação, fortalecendo a reputação.
“Esse contraste entre expectativas do mercado e maturidade das empresas reforça a urgência de sair do básico para o estratégico. Para isso, organizações precisam olhar além da conformidade regulatória e enxergar o ESG como um impulsionador de valor e competitividade no longo prazo”, conclui.
Qual é a sua reação?






