Como o mercado está olhando para a inclusão de pessoas trans e travestis

Apenas 4% das pessoas trans e travestis estão no mercado de trabalho formal no Brasil

Fev 4, 2025 - 08:57
Como o mercado está olhando para a inclusão de pessoas trans e travestis
De acordo com especialistas, uma das primeiras transformações importantes é fazer com que a visibilidade trans abra espaço para histórias de sucesso

É essencial refletir sobre os desafios enfrentados pela população trans e travesti no Brasil, país que lidera o ranking mundial de violência contra essas pessoas.

A inclusão dessa população no mercado de trabalho não apenas promove justiça social, mas também fortalece as empresas, que se beneficiam de equipes mais diversas, inovadoras e alinhadas à pluralidade da sociedade, já que hoje apenas 4% das pessoas trans e travestis no Brasil estão no mercado formal. 

De acordo com especialistas, uma das primeiras transformações importantes é fazer com que a visibilidade trans abra espaço para histórias de sucesso, felicidade e realização pessoal e profissional.

Noah Scheffel, CEO do EducaTRANSforma, destaca que em diversos momentos, a representatividade trans é moldada por olhares cisgêneros, reforçando estereótipos de sofrimento e exclusão.

“Muitas vezes, somos retratados em narrativas de marginalidade ou fetichização, o que cria uma falsa sensação de inclusão. Para mudar isso, precisamos ocupar espaços por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e líderes de empresas, que possam contar histórias autênticas, com toda a nossa diversidade. Não queremos apenas ser vistos, queremos ser compreendidos”, afirma. 

A visão de Noah é compartilhada por Gabriela Augusto, fundadora da Transcendemos Consultoria, que reforça a necessidade de romper com as barreiras estruturais dentro das empresas.

“Quando comecei minha transição de gênero, eu procurava exemplos de pessoas como eu nas empresas onde queria trabalhar. Como não encontrei, percebi que poderia ser uma dessas referências. Hoje, compartilho minha experiência para inspirar outras pessoas trans e engajar aliados na busca por igualdade”, conta.

Para ela, muitas empresas ainda adotam medidas superficiais, sem enfrentar preconceitos nos processos seletivos ou preparar o ambiente para a inclusão. 

“Diversidade não pode ser uma questão de metas simbólicas. É preciso um compromisso genuíno com educação e transformação cultural, para que a inclusão seja real e estruturada”, destaca.  

Tecnologia e diversidade: aliadas contra vieses inconscientes
Transformar o mercado em um espaço mais inclusivo exige mudanças profundas, desde os processos seletivos até a cultura organizacional.

Apenas 4% das pessoas trans e travestis estão no mercado formal brasileiro, e eliminar vieses inconscientes é essencial, destaca Jhennyfer Coutinho, líder da experiência da pessoa candidata na Gupy.

“Os processos de gestão de pessoas devem garantir igualdade de oportunidades para pessoas trans, travestis e não binárias, desde a candidatura até a construção de uma carreira sólida”, avalia.

Noah Scheffel reforça que a inclusão vai além da contratação.

“Não basta contratar uma pessoa trans. Precisamos criar ambientes acolhedores e celebrar conquistas. O problema não é ser trans, mas o preconceito", aponta.

Para isso, é essencial que as empresas tenham mecanismos de escuta e valorização da experiência dos colaboradores, promovendo engajamento e garantindo que políticas inclusivas sejam efetivas na prática.

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