O que faz grandes advogados perderem autoridade nas redes sociais?

Especialista em posicionamento jurídico afirma que ausência estratégica nas redes sociais não representa mais neutralidade – ela é interpretada como ausência de relevância

Jul 1, 2025 - 09:45
Jul 1, 2025 - 10:16
O que faz grandes advogados perderem autoridade nas redes sociais?
Não estar nas redes sociais, antes visto como discrição, hoje é interpretado como uma ausência de relevância

A autoridade profissional no campo do Direito não se define mais apenas por um currículo extenso ou pela progressão de carreira.

Atualmente, a presença digital tornou-se um pilar fundamental. Não estar nas redes sociais, antes visto como discrição, hoje é interpretado como uma ausência de relevância, conforme apontam especialistas e dados do setor.

O anuário Análise Advocacia 2022 reforça essa tendência, revelando que 84% dos escritórios de advocacia mais admirados do Brasil mantêm perfis ativos em plataformas digitais, um crescimento de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Complementando essa visão, a Thomson Reuters indica que 65% dos escritórios utilizam essas plataformas para prospecção de clientes, evidenciando o potencial estratégico do ambiente online.

Bruna Espairane, estrategista de posicionamento jurídico e fundadora da Espairane Marketing, sublinha a mudança na percepção pública.

"Hoje, não estar presente digitalmente não é mais sinal de descrição, é sinal de ausência. A percepção do público mudou. Quem não se comunica, simplesmente desaparece da memória das pessoas", disse.

Erros comuns e a resistência ao digital
Mesmo entre grandes nomes do Direito, alguns erros persistem no ambiente online. Bruna Espairane destaca três falhas recorrentes: o uso excessivo de "juridiquês", que afasta o público leigo; o foco exagerado em autopromoção, que pode soar egocêntrico; e, principalmente, a falta de consistência.

 "Apareça uma vez por mês, sem estratégia, não sustenta autoridade alguma", alerta a especialista. Muitos profissionais, especialmente os mais experientes, ainda resistem à imersão digital por receio de "banalizar a profissão".

No entanto, Espairane argumenta que o equívoco está em associar o marketing jurídico à exposição vazia.

"O marketing jurídico não substitui a competência. Ele apenas a torna visível. E isso pode ser feito com ética, elegância e firmeza", aponta.

Valor percebido prevalece sobre número de seguidores
Com mais de 144 milhões de brasileiros conectados às redes sociais, segundo o relatório Digital 2024, a advocacia precisa assumir seu papel social também nos meios digitais.

Um especialista no assunto enfatiza que a autoridade digital não se mede em "curtidas" ou número de seguidores.

"O que importa é o valor percebido. Um conteúdo bem construído, que educa e informa com clareza, atrai o cliente certo sem apelo nem promessas fáceis", explica.

A chave, segundo ele, é saber informar sem vulgarizar e ensinar sem mercantilizar. Contudo, isso "só funciona com estratégia e coragem", conclui, ressaltando a necessidade de um planejamento bem definido para que a presença digital seja eficaz e alinhada aos princípios éticos da profissão.

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