Maternidade como diferencial competitivo no empreendedorismo feminino

Para especialista em gestão, o papel materno pode fortalecer o networking, ampliar a escuta e gerar vínculos genuínos com equipes, fornecedores e clientes

Mai 9, 2025 - 10:29
Mai 9, 2025 - 11:35
Maternidade como diferencial competitivo no empreendedorismo feminino
A profissional observa uma transformação na mentalidade de mulheres em cargos de comando que também são mães

A tradicional dificuldade de conciliar maternidade e carreira para mulheres em posições de liderança ou no empreendedorismo pode estar com os dias contados.

A empresária e psicóloga Fernanda Tochetto, com mais de duas décadas de experiência em educação empresarial, argumenta que a maternidade, longe de ser um obstáculo, pode se converter em um importante trunfo para o crescimento de negócios liderados por mulheres.

"Ser mãe desenvolve a escuta atenta, a empatia e a capacidade de tomar decisões firmes sob pressão – habilidades cruciais para quem lidera", afirma Tochetto, especialista com mais de 24 anos dedicados ao desenvolvimento de lideranças femininas e estratégias empresariais.

A profissional observa uma transformação na mentalidade de mulheres em cargos de comando que também são mães.

Segundo ela, o papel materno tem se revelado um ponto de conexão genuíno com suas equipes, clientes e fornecedores.

"Quando a maternidade entra na conversa, laços mais humanos e verdadeiros se estabelecem. Isso otimiza a comunicação e robustece as relações comerciais", enfatiza.

Tochetto também destaca o potencial ainda inexplorado do networking entre mães empreendedoras. Em contraste com grupos empresariais que frequentemente operam sob normas rígidas e predominantemente masculinas, ambientes focados no protagonismo feminino demonstram ser mais eficazes na geração de negócios, parcerias e trocas de alto valor.

"Mulheres que compartilham a experiência da maternidade criam vínculos que transcendem o cartão de visitas. Elas constroem redes de apoio e negócios simultaneamente", revela.

Dados do Sebrae indicam que a maternidade figura entre os principais motivadores para o empreendedorismo feminino no Brasil, seja pela necessidade de harmonizar a criação dos filhos com a vida profissional, seja pela busca por maior autonomia e flexibilidade.

O que inicialmente surge como uma solução para a rotina, frequentemente evolui para uma estratégia de diferenciação no mercado.

"Ao estruturar suas empresas, muitas mães incorporam ao modelo de gestão princípios como cuidado, organização, adaptabilidade e visão de longo prazo - aprendizados diretos da convivência com os filhos", explica a especialista.

Na prática, essa realidade se manifesta na forma como essas líderes formam suas equipes, interagem com clientes e negociam com fornecedores.

A escuta ativa e a compreensão das necessidades alheias - competências aprimoradas pela experiência materna - se tornam diferenciais competitivos.

"Uma mãe empreendedora tende a identificar com mais agilidade falhas na comunicação, desmotivação na equipe ou mudanças no comportamento do consumidor. E isso possibilita ações mais rápidas e eficientes", pontua Tochetto.

Para Fernanda Tochetto, o próximo passo crucial é a criação de espaços intencionais para nutrir essas conexões entre mães empresárias.

"Falar de negócios não precisa excluir o lado pessoal. Pelo contrário: ao integrar nossa vivência como mães, construímos laços mais autênticos. Isso abre caminhos, gera oportunidades e fortalece o posicionamento da mulher como líder."

Outro ponto relevante, de acordo com a fundadora do Tittanium Club, movimento de educação empresarial, é o aprimoramento da capacidade de priorização proporcionado pela maternidade.

"Mães empreendedoras aprendem a tomar decisões com base no impacto real, e isso se reflete em maior eficiência na gestão do tempo, nos processos e na delegação de tarefas", explica.

Essa habilidade, segundo ela, é cada vez mais valorizada em um contexto onde o excesso de estímulos e tarefas compromete a produtividade das lideranças.

A maternidade, quando ressignificada, pode ser uma poderosa aliada na construção de culturas organizacionais mais humanas, fundamentadas na empatia e no equilíbrio emocional.

"Ao ser vista sob uma nova perspectiva, ela fortalece a proteção da mulher como líder, tornando-a mais conectada com seu propósito e com o valor que oferece ao mercado", conclui Fernanda Tochetto.

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